O Governo quer, sensatamente, diga-se, atribuir subsídio de desemprego aos gerentes de empresas que fechem portas. A CGTP disse logo que, se o Governo avançar com a medida, o subsídio não pode vir do orçamento da Segurança Social. A UGT, que sacrifica muitas vezes a sensatez para ir a reboque dos disparates da CGTP, também está contra. Por achar que a alteração significa um cheque em branco aos gestores das empresas.
É inacreditável. Portugal é um país de PME, onde ser empresário é actividade tão perigosa como fazer férias na Faixa de Gaza. Pela burocracia, pela fiscalidade elevada, pelas contribuições para a Segurança Social, pelo custo do financiamento, pela legislação laboral... etc, etc.
Grande parte das PME são microempresas, com poucos trabalhadores e dirigidas por pessoas sem fortuna, que deram avales pessoais e outro tipo de garantias para conseguirem os financiamentos necessários para pôr de pé um projecto. Que lógica tem recusar subsídio de desemprego a uma pessoa que depois de se meter em tantos trabalhos tem o azar de ir à falência? Ou será que todas as falências são fraudulentas?
É que, bem vistas as coisas, quando fecha uma pequena empresa, muitos gestores acabam a viver o mesmo infortúnio do trabalhador (que, apesar de tudo, tem uma carta para apresentar no Fundo de Desemprego). E, já agora, os gerentes não contribuem para a Segurança Social? Não há dúvida: com sindicatos destes não vamos a lado nenhum.
Camilo Lourenço - Jornal de Negócios, 9 de Abril de 2009 - Link
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