19 novembro 2009

A paranóia da Gripe A

1. A "ministra" da Finlândia

Mesmo antes de se iniciar o Programa de Vacinação contra a Gripe A, já circulava na Internet um "famoso" vídeo da autoproclamada ex-ministra da Saúde da Finlândia, denunciando várias conspirações e maroscas que, resumidamente, davam a vacina contra a gripe A como um produto feito pelos americanos, destinado a extinguir a população de várias zonas do globo.

O vídeo circulou, mas poucos se deram ao trabalho de questionar tamanho disparate. Pois a senhora Rauni Kilde era médica e directora-geral da Saúde quando, em 1986 (há mais de 20 anos), teve um acidente de viação e ficou, digamos, com uma diminuição acentuada da sua lucidez. Por essa razão, foi declarada inapta e passou a ser uma entusiasta da ovnilogia, ou seja, o que trata de discos voadores e ET, tendo publicado inclusivamente um livro em que afirma ter sido salva três vezes por extraterrestres.


Infelizmente, este tipo de argumentação - que nada tem de científico nem de lógico - tem grassado na sociedade, promovido pela circulação de e-mails e pelo sensacionalismo de alguma imprensa (é tão fácil mistificar títulos de artigos ou "cachas"!).


2. A vacina anti-gripe A

A vacina da gripe A é uma vacina segura e eficaz. Repito: segura e eficaz. E é bom que as pessoas assumam isto como um facto científico. Os efeitos colaterais que pode ter - como qualquer vacina - não a tornam insegura e resumem-se a febre baixa, dores musculares, inflamação no local da vacina e, nos adolescentes, sensação de desmaio. Os casos de reacção grave são raríssimos (menos de um caso para um milhão de vacinas!), e apenas em pessoas que tiveram reacções anafilácticas ao comer ovo (não são as inofensivas alergias da pele, mas ao verdadeiro choque "de cair para o lado").

Uma das questões que muita gente levanta é a "pressa" com que a vacina foi feita. Pois a dita "rapidez" (entre aspas) foi a necessária e suficiente, semelhante a todas as vacinas antigripais. Não houve, portanto, qualquer pressa e tudo foi feito com o controlo de qualidade adequado. Outro argumento: as multinacionais andam a ganhar muito dinheiro com as vacinas; ao que eu contesto: então os vendedores de lenços de papel também ganham com as constipações e com a gripe, o que não quer dizer que estejam envolvidos em qualquer teoria da conspiração ou de manipulação.

Mais um argumento: o adjuvante, de seu nome tiomersal, que causaria autismo e outras coisas mais. Não é verdade, e tal já foi bastamente clarificado quando da polémica, aqui há alguns anos, sobre a vacina do sarampo. O facto de alguns países retirarem estas vacinas tem a ver com pressões ambientalistas referentes ao uso de mercúrio, mas as alternativas ainda são muito escassas. Obviamente que, um dia que haja capacidade de produzir vacinas em massa sem tiomersal, serão estas que ocuparão o espaço vacinal em todos os países.

3. As grávidas e a morte fetal tardia

No nosso país, ocorrem todos os anos, em média, 300 mortes fetais após as 22 semanas de gestação. Em muitos destes casos não é possível encontrar uma explicação. Como o número de grávidas vacinadas com a vacina anti-gripe A está felizmente a aumentar, é natural que os casos como os relatados nestas duas últimas semanas - morte fetal em grávida vacinada - sejam cada vez mais frequentes, sem que isso permita extrair qualquer relação de causa-efeito.

Relembro também que a gripe A pode ter efeitos mais desastrosos na grávida do que na população em geral, devido às alterações do sistema imunitário que ocorrem na gravidez.

4. Em conclusão

As doenças matam, as vacinas não. Em Portugal, centenas de milhares de pessoas estão vivas e de boa saúde graças às vacinas. A gripe A, apesar de ser uma variante benigna e "mansa" da gripe, pode ter consequências graves, designadamente nas grávidas e noutros grupos de risco acrescido, bem como (segundo os dados da monitorização da pandemia que vão chegando) nas crianças de menos idade. Por outro lado, a contenção da pandemia passa por travar a transmissão entre as crianças, que têm sido, provadamente, as maiores disseminadoras da doença.

É tempo de optar: independentemente do que viermos a fazer (só se vacina quem quer!), há dois tipos de atitudes: a que é lógica, científica, lúcida e isenta, ou a que é sensacionalista, mal informada e não fundamentada... como os ovnis e extraterrestres da ex-ministra que nunca foi ministra...

Mário Cordeiro, Pediatra e professor de Saúde Pública - Faculdade de Ciências Médicas (Universidade Nova de Lisboa) in Publico online, 19-11-2009 -
http://www.publico.clix.pt/Sociedade/comentario-vacina-da-gripe-a--lucidez-ou-paranoia-a-escolha-e-sua_1410509

13 novembro 2009

Forget you Social Life, Work and Wallet :)


Os jogos que os editores da "Gamespot" têm medo de pegar por serem deveras viciantes.... Fica aqui o aviso :)

09 novembro 2009

A queda de um "muro" - 20 anos depois - 9/Nov/1989 vs 9/Nov/2009


O muro foi erguido em 1961 com o objectivo de parar a emigração massiva para ocidente (3,5 milhões de pessoas emigraram para a Alemanha ocidental antes da construção do muro. Depois da construção do muro, a emigração foi praticamente abolida).

O muro da "vergonha" tinha cerca de 130 km de extensão, separando o enclave de Berlim controlado pelos EUA, RU e França, do resto da Alemanha de Leste submissa à União Soviética. Gosto muito desta imagem porque mostra as diferenças entre as duas "Berlins". Do lado direito temos a colorida Berlim Ocidental, onde as paredes surgem pintadas com manifestações de liberdade e união. Do lado esquerdo encontramos a cinzenta Berlim Leste com a sua faixa da morte, soldados prontos a abater qualquer visitante humano e um muro cinzento, opressivo e sem vida.

A 9 de Novembro de 1989 é derrubado o muro de Berlim, juntando de novo famílias e amigos.


A zona do Muro de Berlim na actualidade (Potsdamer Platz).

01 novembro 2009

I.O.U.S.A - Um Documentário que todos deviamos ter em "conta"



I.O.U.S.A é um documentário que nos alerta sobre o descontrolo da dívida pública americana e como o mundo que hoje conhecemos poderá mudar radicalmente se este problema subsistir.

Desde a "Reagan Revolution" durante os anos 80 que o problema se agravou, Bill Clinton timidamente acalmou o monstro, mas "Reaganomins 2" a.k.a "Bushanomics" aumentou o défice americano de tal forma que poderá por em causa o poderio geo-estratégico deste país. (em seis anos Bush, o défice aumentou tanto quanto tinha aumentado em 40 anos anteriores)

Este problema é uma bela bota para Obama descalçar. Resta saber se terá condições e vontade política para agir em conformidade.

A ver. Essencial.


...may be to the U.S. economy what 'An Inconvenient Truth' was to the environment." Reuters